Havia, na Inglaterra vitoriana, uma construção que se tornou
o símbolo da Era Vitoriana. Estamos falando do Palácio de Cristal.
O Palácio de Cristal surgiu em função da Grande Exposição de
1851, e foi construído como o maior dos seus pavilhões. O próprio conceito de
exposição não era novo, e seu principal mentor era o príncipe Albert. Em agosto
de 1849, foi anunciada a intenção de organizar uma grande exposição industrial
em Londres.
Albert não era o queridinho da sociedade britânica. Do ponto
de vista das elites, ele era erudito e pedante, e os mais simples achavam ele
metido demais. Ao apoiar a exposição, o príncipe arriscava o pouco que tinha de
reputação.
Assim, em 1850, foi criada uma comissão, presidida pelo
príncipe, e que contava com a participação de vários engenheiros famosos. A
primeira decisão foi não limitar a exposição a indústrias britânicas, o que
tornava a iniciativa única.
Depois, o bicho pegou. Onde a exposição iria acontecer? Os
espaços existentes que poderiam ser aproveitados para esse fim eram pequenos
demais. Finalmente, alguém teve a idéia de usar o Hyde Park. Os defensores da
natureza chiaram, os jornais começaram a publicar caricaturas. O parlamento
exigia que nenhuma das árvores do parque fosse cortada.
O barulho chamou a atenção de todos os outros
"fãs" de Albert, que se juntaram ao coro contra a exposição.
Mas, com apoio do duque de Wellington, obteve-se a permissão
de usar uma área de 26 acres do parque, com a condição de que todas as
construções fossem removidas ao final da exposição.
Enfim, foi aberto um concurso, mas todos os 245 projetos
apresentados foram rejeitados, seja por motivos técnicos ou pelo custo. O
projeto criado pela comissão não encontrou apoio popular. E tudo estava pronto
para ir água abaixo.
E então surgiu um anjo, convenientemente fantasiado de
Joseph Paxton. Filho de um jardineiro, sem qualquer educação na área de
engenharia, construiu várias estufas, algumas de dimensões bem grandes. Paxton
havia vindo a Londres a negócios, contudo, de conversa em conversa, foi parar
na frente da comissão com mais um projeto. Bem, pior não poderia ficar.
O projeto de Paxton tinha duas qualidades indispensáveis:
primeiro, poderia ser construído rapidamente (o prazo já estava apertado) e, em
segundo lugar, poderia ser rapidamente desmontado, voltando Hyde Park ao estado
original.
As estufas deixaram suas marcas no projeto. Não se previa
uso de materiais tradicionais: a construção toda seria montada de carcaça
metálica e placas de vidro. Se a comissão tivesse mais tempo, certamente
rejeitariam esse nonsense, mas eles não tinham outra saída e tiveram que
arriscar.
Mesmo antes de pronta, a construção tornou-se o alvo de uma
verdadeira peregrinação dos curiosos. Os jornais continuavam tirando sarro do
"Palácio de Cristal". O nome pegou. Em janeiro de 1851, o palácio, de
563 metros de comprimento e 124 metros de largura, estava pronto.
Começavam a chegar os objetos que seriam expostos...
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at sábado, abril 28, 2012
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