Cinza. Céu em dia de chuva? Asfalto? Ou, perdoem-me pela
banalidade, um rato?
E ha também as grisettes dos romances franceses...
"Grisette", de "gris", cinza, era o nome de um tecido cinza
de seda ou lã. Era muito barato, e as mulheres que ganhavam o próprio sustento
- chapeleiras, costureiras, coristas - usavam este tecido para costurar seus
vestidos. E ficaram conhecidas como grisettes.
Mas vamos voltar ao começo.
Tecidos feitos em casa, cinzentos ou marrons, eram acessíveis
a todos, de modo que não chamavam muita atenção. Qualquer camponesa poderia
usar um vestido cinza. Tecido de cores mais fortes eram bem mais valorizadas.
Mas, apesar disso, o cinza não se limitava ao vestuário dos camponeses, e, com
o passar dos anos, esgueirava-se para o guarda-roupa dos aristocratas.
Por exemplo, o rei João, irmão e herdeiro de Ricardo (o Coração
de Leão, sim), encomendou uma túnica cinzenta, decorada com peles, para a sua
esposa.
E Anna Bolein, esposa de Henrique VIII, decapitada por ordem
do seu esposo, no dia da execução vestiu-se de cinza escuro.
Nos retratos do século 17, as damas muitas vezes aparecem em
vestidos de cetim de cores suaves, inclusive cinza.
O cinza toma conta também
dos uniformes militares. Anos mais tarde, quando os homens desistiram das cores
mais berrantes, acabam ficando só com o cinza e o preto. Mas por enquanto, estamos
longe disso.
Começa o século 18, o século em que o cinza e belo como
nunca antes foi. E o reino dos brocados prateados e seda fina, brilho do cetim
e suavidade do veludo.
Os mais delicados tons de cinza, que parecem ainda mais
suaves ao lado do rosa, do pêssego e do branco. Vestidos de gala das
imperatrizes, perucas empoadas, fantasias...
Dizem que um dos tons de cinza claro entrou na moda pois os
cabelos da rainha francesa Marie Antoinette eram loiros bem claros e
acinzentados, e ela enviava mechas dos seus cabelos para as fabricas. Onde, por
sua vez, eram confeccionados os corantes da cor exata da amostra.
No final do século 18 e no começo do século 19, o cinza também
tinha o seu espaço, entre vestidos leves de cintura alta, inicialmente brancos,
de cores claras e suaves, depois mais coloridos.
Tecido cinza escuro era, muitas vezes, usado para fazer
trajes de montaria e vestidos de passeio.
Durante a guerra civil nos Estados Unidos, o uniforme da Confederação era cinza.
Não se limitava a isso, obviamente:
havia lugar para o cinza nos vestidos de noiva, roupas de luto - só para
indicar os extremos.
O vestido mais festivo de Jane Eyre era cinza prateado, e o
tecido que ela escolheu para o seu vestido de noiva também era cinza perola.
Ah sim, dois tons de cinza receberam nomes de duas
universidades ingleses: Oxford e Cambridge.
Enfim, a cor ora elegante, ora romântica entrou na moda e não
recuou mais.
Ainda mais no século 20, bem mais pragmático. O cinza não
suja, e pratico e serio, perfeito para roupas formais. E suficientemente neutro
paga agradar a todos.
Essas mulheres medievais usavam cada coisa indecente... O meu espírito vitoriano se revolta =)
Achados no castelo de Lengberg, segunda metade do século 15.
A cor da paixão
Posted by Moriel in 1600, 1700, 1800, 1810, 1820, 1830, 1840, 1850, 1860, 1870, 1880, 1890, 1900, 1910, 1920, 1930, 1940, homens, moda, mulheres
O vermelho é simples.
Porque ele simplesmente e obviamente aparece no meio do que quer que
seja. E é complicado porque... Para começar, porque é dificil de escolher e o post ficou muito grande.
Filha do burgomestre de Laipzig, cuja família toda cometeu suicídio ao saber da aproximação das tropas soviéticas.
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